Um estudo recente, publicado na revista “Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences” em 2 de agosto, apresentou uma descoberta surpreendente: os fósseis das águas-vivas de nado livre mais antigas já conhecidas. Com aproximadamente 505 milhões de anos, esses fósseis contam com 90 tentáculos e fornecem novas informações sobre a evolução desse grupo de animais.
As águas-vivas, com seus corpos predominantemente compostos de água (mais de 95%), geralmente não se preservam bem no registro fóssil, o que torna a identificação de suas características e adaptações uma tarefa desafiadora para os cientistas. Além disso, os ciclos de vida complexos dessas criaturas, incluindo o estágio de pólipo, tornam ainda mais complicada a classificação das diferentes espécies.
No entanto, a nova pesquisa se baseia em quase 200 espécimes fósseis coletados entre as décadas de 1980 e 1990 no xisto de Burgess, um sítio fossilífero localizado na Colúmbia Britânica, no Canadá. Os fósseis, alguns deles medindo mais de 20 cm, foram analisados por uma equipe de pesquisadores da Universidade de Toronto, que identificou a espécie como Burgessomedusa phasmiformis.
A presença dos tentáculos sugere que essa água-viva era uma predadora de nado livre capaz de capturar presas de tamanhos consideráveis. Essa descoberta é significativa, pois indica que os ciclos de vida complexos desse grupo de águas-vivas provavelmente evoluíram durante o chamado “Período Cambriano”, um período de grande diversificação e evolução na história da Terra.
As espécies antigas de cnidários, incluindo as águas-vivas, são divididas basicamente em dois grupos: as que ficavam presas em pedúnculos e as que nadavam livremente. Encontrar uma água-viva de nado livre com um corpo característico em forma de sino, com mais de 500 milhões de anos, ajuda os cientistas a compreender quando e por que esse segundo estilo de vida pode ter se originado.
Essa descoberta lança luz sobre a evolução das águas-vivas e seus parentes durante um período crucial na história da vida no planeta. A riqueza de informações contidas nesses fósseis contribui para o nosso entendimento sobre a diversidade e complexidade da vida no passado, proporcionando uma perspectiva única sobre as origens e a evolução dessas criaturas fascinantes.