O que Acontece se Ocorrer uma Fatalidade no Espaço?

Desde o início da exploração espacial humana em 1957, foram registradas 20 mortes em serviço. Dessas, 14 ocorreram em tragédias envolvendo os ônibus espaciais Challenger (1986) e Columbia (2003) da NASA, três durante a missão russa Soyuz 11 (1971) e três no incêndio da plataforma de lançamento da missão Apollo 1 (1967). Dentre essas vítimas, somente os três cosmonautas da Soyuz 11 faleceram efetivamente no espaço. No entanto, a descoberta só foi feita quando as escotilhas da espaçonave foram abertas após o pouso, e os corpos foram encontrados em seus assentos, vítimas de sufocamento causado por uma falha em uma válvula de ventilação antes da reentrada na atmosfera.

Mas, e se alguém morrer no espaço profundo ou mesmo durante missões até a Estação Espacial Internacional (ISS)? O turismo espacial, cada vez mais em evidência, também aumenta a possibilidade de uma fatalidade acontecer, sem falar nas missões de longa duração planejadas para a Lua e Marte nos próximos anos. Como médico espacial, Emmanuel Urquieta e sua equipe do Instituto de Pesquisa Translacional para Saúde Espacial buscam garantir que os exploradores espaciais estejam o mais saudáveis possível para suas missões.

Urquieta destaca que, se uma fatalidade ocorresse na órbita baixa da Terra, como na ISS, por exemplo, o corpo poderia ser enviado de volta ao planeta em uma cápsula em questão de horas. Caso ocorresse na Lua, a tripulação voltaria com o falecido em alguns dias. Essas medidas fazem parte dos protocolos definidos pela NASA. No entanto, quando se trata de distâncias maiores, como uma viagem de 225 milhões de km até Marte, o retorno do corpo à Terra seria inviável. Nesse caso, o corpo provavelmente teria que voltar com a tripulação no final da missão, que seria realizada alguns anos depois. Durante esse período, a tripulação presumivelmente preservaria o corpo em uma câmara separada ou saco funerário, aproveitando a temperatura e umidade constantes do veículo espacial para ajudar na preservação.

Urquieta ressalta que lidar com uma morte no espaço envolve mais do que apenas a questão do corpo. É crucial ajudar a tripulação a lidar com a perda emocional e apoiar as famílias enlutadas na Terra. Para a colonização de outros mundos, como Lua, Marte ou até mesmo um planeta fora do nosso sistema solar, o planejamento das missões deve considerar protocolos rigorosos e específicos para enfrentar a única certeza inevitável da vida: sua finitude.

Embora a exploração espacial ofereça possibilidades emocionantes para a humanidade, é fundamental abordar as questões éticas, logísticas e de segurança relacionadas a eventuais fatalidades no espaço. Ao estabelecer protocolos adequados e conscientizar os exploradores espaciais sobre os desafios inerentes a tais missões, podemos avançar rumo a um futuro no espaço com responsabilidade e respeito à vida humana.

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